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1 de outubro de 2012

Fique de olho no ciclo da memória

Por Fernando Rocha, aluno 9.º Ano - 8

Falar em memória e aprendizagem há alguns anos era um assunto fora de moda. Memorização tornou-se, para alguns, sinônimo de decoreba: repetição sem compreensão. No entanto, a perspectiva correta do assunto é diferente. Na verdade, tudo o que aprendemos precisa ser incorporado à memória, para ser utilizado não apenas nas avaliações a seguir, mas, principalmente, formar a base para a assimilação de novos conhecimentos e não necessitar da repetição de todo o processo no ano seguinte.

Para melhorar a capacidade de aprendizagem dos alunos, é necessário rever a matéria constantemente. Embora muitos de nós, professores, façamos sessões de revisões um ou dois dias antes da avaliação, o conhecimento do cérebro dos alunos, sua forma de aprendizagem e retenção mostram que isso não é apenas insuficiente, mas inútil em muitos casos.

Quando a informação não é tratada ou revista de maneira adequada, podem ocorrer os “pecados” da memória: o bloqueio (o aluno não se lembra da informação, mesmo que ela fique na “ponta da língua”), a atribuição inadequada (atribuir a função de um órgão do corpo ao nome de outro, por exemplo) e a transiência (memória perdida no decorrer do tempo, esquecimento).

Estudos mostram que as pessoas simplesmente se esquecem das informações que não são utilizadas pelo cérebro, e isso ocorre também com o conteúdo escolar. Um estudo realizado em uma conferência descobriu que, após 14 dias, os participantes esqueceram 90% das informações ouvidas.

Portanto, para que os alunos se lembrem do conteúdo estudado, é necessário revisar as informações frequentemente e, ao contrário do que é normalmente feito na maioria das escolas, as revisões devem ser concentradas logo após o ensino do conteúdo e espaçadas à medida que o tempo passa.

Segundo pesquisas, o modelo de revisões adotado pela maioria dos professores pode ser ilustrado pelo diagrama a seguir:
(Imagem: Lilian Larroca)
Embora a figura não mostre o tempo, que é variável, percebe-se que, após a instrução inicial, há um longo período no qual o cérebro deixa de utilizar a informação, abrindo espaço para a transiência.

Essas mesmas pesquisas apontam que, para a fixação na memória e aumento da capacidade de recuperar a informação, é necessário mudar esse padrão:
(Imagem: Lilian Larroca)
Percebe-se que, de acordo com o novo padrão, existe uma concentração maior de revisões logo após a instrução inicial, capaz de manter as informações na memória ativa e, depois desse processo, as revisões devem ser espaçadas, permitindo a consolidação.

Quer concordemos ou não, os estudos mostram que é assim que a memória funciona e, portanto, trabalhar de forma diferente pode atender aos nossos hábitos e interesses, mas não promove a fixação do conteúdo. Obviamente, quando lidamos com alunos maiores, essa informação sobre como a mente processa e retém o conhecimento deve ser passada a eles, que devem ser conscientizados sobre a necessidade de realizar essas revisões de forma autônoma. Entretanto, quando temos alunos menores, essa atribuição é responsabilidade do professor, através de aulas ou tarefas que promovam essa assimilação.

Como, no entanto, podemos fazer tantas revisões se nosso conteúdo é tão extenso e o tempo tão curto? Realmente, esse é um problema que atormenta os professores. Não é sem motivo que nossos currículos costumam ser acusados de ter um quilômetro de extensão e um centímetro de profundidade. Porém, se queremos que nossos alunos realmente aprendam, esse é um assunto que deve fazer parte, inclusive, dos conselhos escolares e da definição das propostas pedagógicas.

Logicamente, com o tempo que o professor tem disponível para a abordagem dos conteúdos, não é simples fazer as revisões no tempo recomendado. Entretanto, isso pode ser feito não apenas através da exposição em aula, mas da disponibilização de material e de atividades nas semanas posteriores.

Atualmente, com a possibilidade de utilização de ferramentas tecnológicas no ensino, esse processo de revisão pode se tornar ainda mais simples. Basta disponibilizar, através da internet, várias formas de abordagem: pode ser o conjunto de slides projetado durante a aula, a elaboração de testes com respostas on-line, para as quais o aluno terá o feedback imediato de seu desempenho, recomendação de vídeos sobre o assunto e muitas outras formas de repetição da informação.

Certamente, utilizar as novas descobertas da neurociência exige alguns ajustes à prática, mas os resultados compensam.



Referência
SPRENGER, Marilee (2008). Memória: como ensinar para o aluno lembrar. Porto Alegre: Artmed

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